O que está em causa é o próprio
teatro. A sala, os artistas e o público. É o palco (casa dos Actores), onde se
desnudam e exibem a sua própria solidão. Personagens asfixiadas por ideias de
Cidade a investirem contra o abandono. O desamor, como a estratégia que resta
para a sobrevivência.
A Mãe, a Filha, o Escritor
dramático, a Criada, não estão apenas sós, uns contra os outros. Eles exibem,
também, numa nudez “despudorada” os mecanismos dos cérebros. Num crepuscular
“quadro de família” emerge a Figura da Mãe que faz o caminho da Vida procurando
a Morte. A sua e a dos outros. Ela, que só desejava ver o mar e perceber as
marés. Ela, que detestou tanto o marido como adorava ouvi-lo dizer a despropósito
”que tudo está bem quando acaba em bem”. Ele, que pronunciava como ninguém a
palavra “fábrica” e que com ela teve um Filho, “que ele fez” e que era só “simplesmente
horrível”. Nasceu velho e morreu ainda bem novo no berço, donde nunca saiu. O Aleijado.
Desembrulhou-o morto e, tão lindo que era, não suportaria ser conspurcado pela
imundície das outras pessoas. Sim, a imundície prolifera em tudo, no teatro,
nos operários, na fábrica…
Um espectáculo em busca da
energia vital!
Rui Madeira
autor Thomas Bernhard | tradução Anabela
Mendes | encenação Rui Madeira
| cenografia Alberto Péssimo e Jorge Gonçalves
| figurinos Manuela Bronze | criação
vídeo Frederico Bustorff | criação
sonora Pedro Pinto | design gráfico
e fotografia Paulo Nogueira | desenho
de luz Nilton Teixeira | elenco Sílvia Brito, Solange Sá, Thamara Thais e
Frederico Bustorff
M/12
M/12
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