quinta-feira, 9 de abril de 2015

Sobre "NO ALVO"

O que está em causa é o próprio teatro. A sala, os artistas e o público. É o palco (casa dos Actores), onde se desnudam e exibem a sua própria solidão. Personagens asfixiadas por ideias de Cidade a investirem contra o abandono. O desamor, como a estratégia que resta para a sobrevivência.
A Mãe, a Filha, o Escritor dramático, a Criada, não estão apenas sós, uns contra os outros. Eles exibem, também, numa nudez “despudorada” os mecanismos dos cérebros. Num crepuscular “quadro de família” emerge a Figura da Mãe que faz o caminho da Vida procurando a Morte. A sua e a dos outros. Ela, que só desejava ver o mar e perceber as marés. Ela, que detestou tanto o marido como adorava ouvi-lo dizer a despropósito ”que tudo está bem quando acaba em bem”. Ele, que pronunciava como ninguém a palavra “fábrica” e que com ela teve um Filho, “que ele fez” e que era só “simplesmente horrível”. Nasceu velho e morreu ainda bem novo no berço, donde nunca saiu. O Aleijado. Desembrulhou-o morto e, tão lindo que era, não suportaria ser conspurcado pela imundície das outras pessoas. Sim, a imundície prolifera em tudo, no teatro, nos operários, na fábrica…
Um espectáculo em busca da energia vital!
Rui Madeira

autor Thomas Bernhard | tradução Anabela Mendes | encenação Rui Madeira | cenografia Alberto Péssimo e Jorge Gonçalves | figurinos Manuela Bronze | criação vídeo Frederico Bustorff | criação sonora Pedro Pinto | design gráfico e fotografia Paulo Nogueira | desenho de luz Nilton Teixeira | elenco Sílvia Brito, Solange Sá, Thamara Thais e Frederico Bustorff
M/12

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