quinta-feira, 9 de abril de 2015

Estreia



 

Fotos de Paulo Nogueira

Sobre "NO ALVO"

O que está em causa é o próprio teatro. A sala, os artistas e o público. É o palco (casa dos Actores), onde se desnudam e exibem a sua própria solidão. Personagens asfixiadas por ideias de Cidade a investirem contra o abandono. O desamor, como a estratégia que resta para a sobrevivência.
A Mãe, a Filha, o Escritor dramático, a Criada, não estão apenas sós, uns contra os outros. Eles exibem, também, numa nudez “despudorada” os mecanismos dos cérebros. Num crepuscular “quadro de família” emerge a Figura da Mãe que faz o caminho da Vida procurando a Morte. A sua e a dos outros. Ela, que só desejava ver o mar e perceber as marés. Ela, que detestou tanto o marido como adorava ouvi-lo dizer a despropósito ”que tudo está bem quando acaba em bem”. Ele, que pronunciava como ninguém a palavra “fábrica” e que com ela teve um Filho, “que ele fez” e que era só “simplesmente horrível”. Nasceu velho e morreu ainda bem novo no berço, donde nunca saiu. O Aleijado. Desembrulhou-o morto e, tão lindo que era, não suportaria ser conspurcado pela imundície das outras pessoas. Sim, a imundície prolifera em tudo, no teatro, nos operários, na fábrica…
Um espectáculo em busca da energia vital!
Rui Madeira

autor Thomas Bernhard | tradução Anabela Mendes | encenação Rui Madeira | cenografia Alberto Péssimo e Jorge Gonçalves | figurinos Manuela Bronze | criação vídeo Frederico Bustorff | criação sonora Pedro Pinto | design gráfico e fotografia Paulo Nogueira | desenho de luz Nilton Teixeira | elenco Sílvia Brito, Solange Sá, Thamara Thais e Frederico Bustorff
M/12

quarta-feira, 8 de abril de 2015

registo fotográfico de ensaio



Fotografias de Paulo Nogueira

autor

Sobre Thomas Bernhard…


Thomas Bernhard nasceu a 10 ou 11 de Fevereiro de 1931 em Heerlen ( Holanda) num asilo para “raparigas perdidas” onde a sua mãe fora ocultar este nascimento ilegítimo e morreu a 12 de Fevereiro, um domingo de 1989, aos 58 anos de idade. É justamente considerado um dos mais importantes autores germanófilos da segunda metade do séc.xx. Muitas das suas obras (teatro, romance, poesia, contos…) estão publicadas em Portugal. Ler as suas obras é um passo de gigante para a compreensão deste Autor e desta Europa.

“… dizemos: damos uma representação teatral, sem dúvida prolongada até ao infinito…mas o teatro de que esperamos tudo e não somos competentes em nada, tão longe quanto remonta o nosso pensamento, sempre um teatro da velocidade crescente e das réplicas falhadas… é em absoluto um teatro dos corpos, e também do temor do espírito, e portanto do temor da morte…não sabemos se se trata da tragédia ou da comédia, ou da comédia por amor à tragédia… mas em tudo é questão de espanto, de lamentável miséria, de irresponsabilidade… é nisso que pensamos, embora o calemos: quem pensa dissolve, faz de tudo uma catástrofe, destrói, incrimina, pois pensar é a lógica dissolução consequente de todos os conceitos… somos o medo, o medo do corpo e do espírito, o medo da morte, de tudo o que é criador ( e é isso a história e o estado de espírito da história)…
Reivindicamos o direito ao direito, mas não temos direito senão à denegação do direito…" 
in Nunca Acabar Coisa Alguma (1970), excerto do discurso proferido por ocasião da entrega do prémio Buchner em 1970 (Trevas, editora hiena, tradução Ernesto Sampaio).

Thomas Bernhard

Sobre a estreia de "No Alvo", pela tradutora do texto - Professora Doutora Anabela Mendes




estreia em abril no Theatro Circo em Braga